Seria o Agile uma panaceia para as “dores da humanidade”?
As “cicactrizes de guerra” me levam a crer que está mais para aquela frase do Churchill sobre a democracia: “é a pior forma de governo, exceto por todas as outras formas que já foram tentadas na história”!
O Agile, como tudo na vida, pode ser melhorado e o primeiro passo é reconhecer isso, buscando oportunidades no processo, rigor arquitetônico, modelo operacional e na própria motivação e engajamento das pessoas.
Adorei esse texto super honesto do Maarten Dalmijn: https://mdalmijn.com/p/scrum-failure-by-design
Deixo os meus “50 cents”:
1) O Agile é um "conceito" e o seu sucesso (ou seja, aumento da "entrega de valor") vai derivar em modelos que variam por cada empresa.
2) Não existe fórmula pronta ou modelo único, cada organização possui necessidades específicas. Dentro da mesma organização as vezes pode fazer sentido ter modelos distintos por tribo.
3) Não pense no método pelo método ou no Agile como um fim em si mesmo. Há que ser crítico e perseguir o aumento e a aceleração da entrega de valor. A grande sacada do Agile é entender e priorizar o que de fato entrega valor ao negócio/usuário/cliente, assim como organizar o fluxo de trabalho, alinhando e sincronizando as diversas áreas e interlocutores nesse objetivo comum.
4) Entregar valor não se resume apenas em funcionalidades de negócio. Escalabilidade, Disponibilidade, Performance, Manutenibilidade ou Segurança também são atributos de valor. Não focar apenas na sprint, mas também na saúde arquitetônica no longo prazo.
5) O Agile transcende a criação de squads. Depende de uma revisão do Modelo Operacional e não tem como ser implementado pela liderança via simples decreto. É uma "transformação cultural".
6) A famosa "maturidade ágil" depende de alguns fatores: - Estabilidade dos times: pessoas precisam criar laços de confiança mútua. - Amplitude do ágil na organização: quando se depende de uma outra área que não está rodando ágil, provavelmente surgirão blockers. - Vontade e disciplina: para os seres humanos toda transformação é uma jornada. - Orientação e comunicação: ninguém nasce sabendo e a comunicação é vital. - Liderança e governança: autonomia não é anarquia. É preciso guiar, direcionar e alinhar os times.
7) Antes de se iniciar o coding é essencial primeiro fazer a engenharia do "o que e o como" será feito. Disciplina do DOR e só colocar em uma sprint aquilo que está maduro para tal.
8) Potencialize o valor de cada perfil profissional. Existem pessoas que adoram codar mas que não gostam e não são tão produtivas na "especificação" ou discussões com o business. Existe o inverso e está tudo bem (cada indivíduo tem suas fortalezas).
9) Equilíbrio entre "blindar o time" do bombardeamento de reuniões (ter foco), vs "expô-lo" para adquirir skills adicionais que vão ajudar no seu progresso profissional.
10) Será que já não passou da hora de rever a “cultura de reuniões” nas empresas?