Muitos analistas já apontavam para uma crise financeira há algum tempo.
Já existiam alertas da deterioração dos “fundamentos econômicos” em basicamente todo o mundo. O aumento recente de juros em escala global foi um reflexo disso (dentre outros fatores geopolíticos).
Muitos dizem que o aumento da liquidez e incentivos governamentais como forma de endereçar as crises de 2008 e da pandemia são parte da causa raiz disso (dentre outros fatores geopolíticos).
Ou seja, a situação atual seria um reflexo das ações dos bancos centrais ao redor do globo há mais de uma década e agora alguma “depuração” ou “enxugamento” seria inevitável.
Aqui uma matéria da Bain sobre os impactos disso para os bancos (em especial os americanos): https://www.bain.com/insights/disequilibrium-in-banking/
Muito do que é apontado está em uma camada mais business, mas um dos pontos me pareceu com impactos diretos em IT: “Optimize efficiency. Markets want to hear clear, compelling messages on how banks will improve efficiency and deliver prudent growth”
IT é chave para a eficiência financeira. A cada dia os custos em tecnologia se mostram mais representativos frente à operação completa das empresas (que o digam os Bancos). Nesse sentido, deixo meus pontos:
1) - Os valores de contratos em IT são cada vez mais expressivos, então dê o tempo necessário para que as negociações serem feitas adequadamente. Busque as relações win-win, dê para cada lado o tempo adequado para entender as melhores alternativas. Desacople as pressões de prazo de projetos versus a negociação técnica e comercial, caso contrário, não se chegará na melhor solução e acordo possível.
2) Muitos contratos e serviços possuem um viés mais técnico e de alcance “restrito” apenas em IT. Mas uma parcela expressiva dos contratos e serviços se faz necessário colocar o business na negociação, seja como quem vai “consumir” os serviços finais (apresentar as suas necessidades reais de negócio), seja como quem vai prover o funding para as iniciativas e serviços (busque a transparência na relação com o business e utilize como oportunidade para mostrar que IT não é “cara” por vontade própria).
3) O rigor com a eficiência financeira se mostra mais “exacerbada” em tempos de crise, com um escrutínio maior sob uma perspectiva da organização como um todo, mas se formos pensar em uma IT com mindset empresarial, essa preocupação deveria ser nativa e perene ao longo do tempo, inclusive nos momentos de bonança. Esse é um tema que enquadro debaixo do guarda-chuva de disciplinas de IT Transformation.
4) Busque soluções criativas e fora da caixa. Novos tipos de soluções, uso de novas tecnologias ou diferentes estratégias de sourcing ou mesmo de engenharia financeira (parcerias, result based, etc.).
5) Uma IT não se faz apenas de programadores, por conta da enorme miríade de competências requeridas por IT. Há espaço e IT para todo esse lado de skills de gestão de contratos, gestão financeira e negociação.