Moedas digitais nacionais: privacidade é maior preocupação dos usuários

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Uma matéria recente da IdWall sobre um tema super quente na atualidade: criptomoedas nacionais, também conhecidas como CBDCs (Central Bank Digital Currencies), apontando sobre a maior preocupação atual dos usuários, que é a privacidade:

https://blog.idwall.co/moedas-digitais-nacionais/#:~:text=Por%C3%A9m%2C%20al%C3%A9m%20dos%20desafios%20t%C3%A9cnicos%20de%20cria%C3%A7%C3%A3o%20e,segundo%20pesquisa%20realizada%20pelo%20Banco%20Central%20Europeu%20%28BCE%29.

Sou da opinião pessoal de que esse fator deveria ser chave para a adoção massiva das CBDCs.

Mas quando penso sob a ótica da educação financeira do brasileiro médio, ou mesmo os hábitos atuais de baixa privacidade nas redes sociais, fico com sérias dúvidas se essa é uma preocupação real de uma parcela tão grande assim como a apontada na matéria (43% do público) também por aqui.

Não sei dizer se nos demais países segue ou não na mesma linha.

Será que as pessoas têm claro os impactos e implicações de termos um maior ou menor nível de privacidade e escrutínio por parte dos reguladores e do Estado sobre os "usuários"?

Pelo menos aqui no Brasil vale lembrar do sucesso inconteste e sem precedentes do Pix. Lembro de ter visto matérias comentando que uma parcela da população se "digitalizou" e bancarizou justamente para passar a ter acesso ao Pix.

Acho que isso leva a crer que a transição e adoção do "Real Digital" (ou seja lá qual for o nome escolhido) tem tudo para ser igualmente fácil, natural e muito rápida.

Nesse sentido, acho que vamos ter a oportunidade de presenciar a convivência no mercado entre dois "produtos" similares, mas com abordagens bem distintas:

1) - Por um lado, a facilidade e interconectividade entre bancos centrais e bancos comerciais, a provável máquina estatal e mídia global jogando a favor das CBDCs nacionais (quiçá regionais e globais).

2) - Por outro lado, a liberdade e desregulamentação (com todos seus prós e contras inerentes) das criptomoedas "open" como o Bitcoin.

E digo "convivência" por conta de não ter ainda claro se serão competidores diretos ou se cada qual terá seu mercado e propósito.

Natureza e Origem

Bitcoin: Criado por uma entidade anônima conhecida como Satoshi Nakamoto em 2009, o Bitcoin é uma criptomoeda descentralizada que funciona em uma blockchain pública. Sua operação e emissão não são controladas por nenhuma autoridade central, governo ou instituição financeira. Essa descentralização é vista como uma vantagem para aqueles que buscam maior liberdade econômica e menor dependência de sistemas financeiros tradicionais.

CBDC: Diferentemente do Bitcoin, uma CBDC é a forma digital da moeda fiduciária de um país, emitida e regulamentada pelo banco central correspondente. Isso significa que as CBDCs são completamente centralizadas e controladas pelo banco central, refletindo as características do dinheiro tradicional em um formato digital.

Emissão e Regulação

Bitcoin: O suprimento de Bitcoin é limitado a 21 milhões de moedas, característica que o torna deflacionário por natureza. Novos bitcoins são criados por meio de um processo chamado mineração, no qual mineradores usam poder computacional para validar transações e adicionar novos blocos à blockchain. A taxa de emissão segue um cronograma pré-definido que se reduz com o tempo, garantindo uma oferta controlada e potencialmente valorização da moeda.

CBDC: Em contraste, a emissão de uma CBDC é totalmente controlada pelo banco central, que tem autoridade para criar e gerenciar a moeda digital. Assim como a moeda fiduciária tradicional, o suprimento de CBDC pode ser ajustado pelo banco central com base em suas políticas monetárias, permitindo uma resposta mais flexível a crises econômicas ou necessidades de estímulo financeiro.

Controle e Regulação

Bitcoin: Funciona em uma rede descentralizada, o que significa que nenhuma entidade única ou autoridade central tem controle sobre suas transações ou governança. Essa descentralização promove uma maior segurança e resistência a pontos únicos de falha.

CBDC: Os bancos centrais têm controle total e supervisão sobre as transações de CBDC. Isso permite que implementem políticas como taxas de juros, controles de capital e regulações financeiras, mas também levanta preocupações sobre privacidade e vigilância estatal.

Privacidade e Anonimato

Bitcoin: As transações de Bitcoin são pseudônimas, associadas a endereços criptográficos em vez de informações pessoais. Embora as identidades dos usuários não estejam diretamente atreladas às suas carteiras, o histórico de transações é gravado em um livro público, a blockchain.

CBDC: As transações de CBDC podem ser projetadas com diferentes graus de privacidade e anonimato. Bancos centrais podem optar por incorporar recursos que permitam privacidade ao usuário, mas também podem implementar medidas de identificação e monitoramento mais rigorosas para fins regulatórios.

Adoção Crescente de Criptomoedas

Nos últimos anos, as criptomoedas, lideradas pelo Bitcoin, têm ganhado aceitação significativa tanto de investidores institucionais quanto de consumidores comuns.

A valorização vertiginosa do Bitcoin e outras moedas como Ethereum despertou o interesse global, com grandes corporações e entidades financeiras tradicionais começando a incorporar criptomoedas como uma classe de ativos legítima.

Além disso, países como El Salvador adotaram o Bitcoin como moeda legal, o que pode ser um indicativo de futuras adoções por outros países com economias emergentes.

Desenvolvimento e Implementação de CBDCs

Paralelamente, diversos bancos centrais ao redor do mundo estão em estágios avançados de pesquisa, desenvolvimento ou mesmo implementação de suas próprias CBDCs.

A China, por exemplo, já iniciou testes públicos do Yuan Digital em várias cidades, estabelecendo-se como pioneira nesse campo.

Outros países, incluindo o Canadá, o Reino Unido, a Suécia e o Brasil, estão explorando ativamente CBDCs como uma maneira de modernizar suas infraestruturas financeiras e responder mais prontamente às crises econômicas.

Blockchain e Transformação Financeira

A tecnologia blockchain, que serve de base tanto para criptomoedas quanto para CBDCs, está sendo vista como um catalisador para a transformação financeira.

Sua capacidade de oferecer transações seguras, transparentes e rápidas promete não apenas eficiência operacional, mas também a possibilidade de criar novos modelos de negócios e serviços financeiros, como financiamentos descentralizados (DeFi) e tokens não fungíveis (NFTs).

Questões de Regulamentação e Compliance

Um dos maiores desafios que acompanham a adoção de criptomoedas e CBDCs é a criação de um ambiente regulatório robusto.

Governos e órgãos reguladores estão esforçando-se para equilibrar a inovação financeira com a proteção ao consumidor, prevenção à lavagem de dinheiro e estabilidade do sistema financeiro.

Essas questões de regulamentação são cruciais para a aceitação em massa de criptomoedas e para a implementação efetiva de CBDCs.

Convergência entre Criptomoedas e CBDCs

À medida que as CBDCs se desenvolvem, pode-se esperar uma certa convergência de funcionalidades entre criptomoedas descentralizadas e moedas digitais centralizadas.

Esse cenário poderá levar a novas formas de interoperabilidade entre diferentes moedas digitais, possivelmente com CBDCs atuando como pontes em transações internacionais ou entre diferentes blockchains.

Inovação Contínua e Disrupção do Mercado

As expectativas para o futuro próximo incluem contínuas inovações e disrupções do mercado financeiro tradicional.

Isso poderá incluir novos produtos e serviços financeiros baseados em blockchain, maior adoção de pagamentos digitais e transformações nos métodos tradicionais de banking.

Impacto Socioeconômico e Político

A longo prazo, tanto as criptomoedas quanto as CBDCs têm o potencial de remodelar não apenas mercados financeiros, mas também relações socioeconômicas e políticas globais.

A descentralização financeira pode empoderar comunidades desbancarizadas, enquanto as CBDCs podem reforçar a soberania monetária dos estados e a eficácia das políticas monetárias.

Paralelo com o Pix

Se a história servir de alguma forma como exemplos para predizer o futuro, pelo menos aqui no Brasil vale lembrar do sucesso inconteste e sem precedentes do Pix.

Lembro de ter visto matérias comentando que uma parcela da população se "digitalizou" e bancarizou justamente para passar a ter acesso ao Pix.

Acho que isso leva a crer que a transição e adoção do "Real Digital" (ou Drex) tem tudo para ser igualmente fácil, natural e muito rápida.

Nesse sentido, acho que vamos ter a oportunidade de presenciar a convivência no mercado entre dois "produtos" similares, mas com abordagens bem distintas:

  • Por um lado, a facilidade e interconectividade entre bancos centrais e bancos comerciais, a provável máquina estatal e mídia global jogando a favor das CBDCs nacionais (quiçá regionais e globais).
  • Por outro lado, a liberdade e desregulamentação (com todos seus prós e contras inerentes) das criptomoedas "open" como o Bitcoin.

E digo "convivência" por conta de não ter ainda claro se serão competidores diretos ou se cada qual terá seu mercado e propósito.

Concluindo

Embora Bitcoin e CBDCs compartilhem a característica de serem moedas digitais, eles apresentam contrastes marcantes em termos de controle, emissão, privacidade e filosofia subjacente.

O Bitcoin oferece uma alternativa descentralizada e menos suscetível à intervenção governamental, enquanto as CBDCs estendem o controle dos bancos centrais ao domínio digital, oferecendo vantagens em termos de regulação e estabilidade monetária, mas possivelmente às custas de menor privacidade e liberdade financeira.

A escolha entre essas moedas dependerá das prioridades individuais e institucionais em relação à autonomia, privacidade, e necessidade de regulamentação.

Em resumo, o desenvolvimento de criptomoedas e CBDCs representa um dos avanços mais significativos na esfera financeira do século XXI.

Enquanto navegamos por essas águas inexploradas, a interação entre inovação tecnológica, regulamentação eficaz e adaptação do mercado ditará a trajetória desse novo paradigma econômico.

As implicações são vastas e os desdobramentos, imprevisíveis, mas uma coisa é certa: a era digital da moeda está apenas começando.

Vamos ver para que lado o mercado e a sociedade se movimentam nos próximos meses e anos!

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