Esses dias estava navegando pelo LinkedIn e me deparei com um post que apresentava essa imagem, comparando as trajetórias da Blockbuster e da Netflix.
O contraste e as lições aprendidas não poderiam ser mais evidentes e esse é certamente um case que faz parte do currículo dos mais diversos MBAs do mercado.
O fato é que em um mundo corporativo que evolui com rapidez vertiginosa, histórias de gigantes que dominaram mercados e depois enfrentaram declínios abruptos são tanto fascinantes quanto instrutivas.
As razões para tais quedas são variadas e complexas, abrangendo desde erros estratégicos até a incapacidade de adaptar-se a novas realidades de mercado.
Acredito que é justamente o contraste entre suas posições quando no auge, versus a sua completa falência ou mesmo perda drástica de relevância nos dias atuais que atrai tanta atenção e fascínio do público, como analogias quase perfeitas da “Queda dos Titãs”.
Esse post acabou me inspirando a escrever um artigo sobre o tema.
Mas o artigo acabou crescendo, e crescendo, e por fim optei por ajusta-lo de forma a criar uma "série".
Sendo assim, nessa série de 4 artigos vou buscar explorar as causas comuns desses declínios, lançando luz sobre os ensinamentos que podem ser extraídos desses episódios, assim como alguns casos que para mim são bastante ilustrativos, e também explorar prognósticos futuros.
As principais causas do declínio
Não faltam exemplos de empresas que já foram gigantes hegemônicos em suas épocas e suas respectivas áreas de atuação, mas que por erros estratégicos, entrada de concorrentes disruptivos ou outras causas deixaram a liderança e hoje ou deixaram de existir ou não são sequer uma sombra do que já foram no passado.
Antes de falar dos exemplos das empresas, eu creio que se faz pertinente explorar primeiramente as principais causas do declínio, que como podem ser vistas a seguis, são as mais variadas possíveis, mas usualmente são um denominador comum nessas histórias de queda dos grandes titãs.
Falhas Estratégicas
A falha em antecipar mudanças no mercado ou na tecnologia é, talvez, o erro estratégico mais significativo que leva ao declínio das empresas.
Muitas vezes, essas organizações tornam-se complacentes, confiando excessivamente em suas fórmulas de sucesso passadas.
Esta complacência é geralmente acompanhada por uma resistência a investimentos em inovação ou a uma revisão das estratégias existentes.
O caso clássico é o da Kodak, que, apesar de ter inventado a câmera digital, falhou em comercializá-la efetivamente, subestimando o potencial disruptivo dessa tecnologia.
Disrupção Tecnológica
A entrada de concorrentes com ofertas tecnologicamente disruptivas pode desestabilizar rapidamente empresas estabelecidas.
Empresas como Blockbuster e Nokia são exemplos notáveis. Blockbuster não conseguiu adaptar seu modelo de negócios de locação física de vídeos à era digital, perdendo terreno para serviços de streaming como a Netflix.
Da mesma forma, a Nokia, outrora líder no mercado de telefonia móvel, foi ultrapassada por concorrentes que abraçaram os sistemas operacionais baseados em touch mais avançados, como o Android e o iOS.
Mudanças no Comportamento do Consumidor
O declínio de algumas empresas também pode ser atribuído a uma falha em reconhecer ou adaptar-se às mudanças nas preferências e comportamentos dos consumidores.
A Polaroid, por exemplo, não antecipou o movimento dos consumidores em direção à fotografia digital e às redes sociais, onde as imagens são compartilhadas instantaneamente e sem a necessidade de impressão.
Gestão Deficiente
Erros de gestão, incluindo decisões de liderança questionáveis e falhas na execução de estratégias, também são responsáveis por alguns dos mais notórios declínios empresariais.
A Yahoo, por exemplo, sofreu uma série de decisões equivocadas de gestão que a impediram de capitalizar em áreas emergentes como o mecanismo de busca e a publicidade online, áreas estas que foram dominadas pelo Google.
Regulação e Mudanças Políticas
Em alguns casos, mudanças regulatórias ou políticas também podem precipitar o declínio de empresas.
Empresas que operam em setores altamente regulamentados, como telecomunicações e energia, podem ser vulneráveis a mudanças nas políticas governamentais que afetam drasticamente suas operações e lucratividade.
Falta de Visão de Futuro
A falta de uma visão futura clara pode incapacitar uma organização de reagir adequadamente às mudanças do mercado.
A AOL, que falhou em transformar seu modelo de negócio baseado em assinaturas de internet discada para modelos mais modernos e sustentáveis, é um exemplo disso.
A empresa não percebeu a importância crescente da banda larga e do conteúdo digital, o que levou à sua rápida obsolescência.
1) - Falhas Estratégicas
Como escolhas erradas podem levar ao fracasso
No intricado mundo mundo corporativo, a ascensão e a queda de grandes empresas servem não apenas como um conto cautelar, mas também como um rico manual de estratégias mal orientadas que resultaram em declínios significativos.
Explorar profundamente a primeira causa de declínio—falhas estratégicas—permite compreender como a complacência e a resistência à inovação podem selar o destino de até mesmo as mais estabelecidas corporações.
Complacência Estratégica: O Conforto Perigoso no Sucesso Passado
A complacência se instala frequentemente em empresas que experimentaram um sucesso prolongado com modelos de negócios ou produtos que dominaram o mercado.
Essa sensação de conforto cria uma ilusão de invulnerabilidade, onde a inovação não é apenas desencorajada, mas muitas vezes vista como uma distração ou um risco desnecessário.
O emblemático caso da Kodak ilustra precisamente este ponto. Apesar de ser a pioneira na tecnologia da câmera digital, a Kodak hesitou em abraçar essa inovação por medo de canibalizar seu rentável negócio de filme fotográfico.
Essa hesitação permitiu que concorrentes mais ágeis capitalizassem sobre a crescente demanda por soluções digitais, deixando a Kodak para trás em uma era cada vez mais digitalizada.
Resistência a Mudanças Estratégicas: Falha em Adaptar-se a Novos Paradigmas
Empresas estabelecidas muitas vezes desenvolvem uma rigidez operacional que se torna um obstáculo significativo à adaptação.
Esta resistência a alterações estratégicas pode ser alimentada por uma variedade de fatores, incluindo uma liderança avessa ao risco, estruturas corporativas que desincentivam a inovação, ou simplesmente uma falta de visão para identificar e responder às mudanças emergentes no mercado.
A Blockbuster, por exemplo, falhou catastroficamente em reconhecer a mudança dos consumidores para o consumo de mídia digital e streaming.
Sua persistência em um modelo de negócios baseado em lojas físicas de locação de vídeos tornou-se obsoleta quando plataformas como a Netflix redefiniram o mercado com uma oferta baseada na conveniência e na personalização.
A Importância da Liderança Visionária
O papel da liderança é crucial na prevenção ou no precipitar de falhas estratégicas.
Líderes visionários são caracterizados não apenas pela sua capacidade de prever mudanças futuras, mas também pela coragem e determinação para agir contra a complacência.
Eles cultivam uma cultura de inovação onde o desafio ao status quo é incentivado, e novas ideias são exploradas proativamente.
Sem essa liderança, empresas podem se encontrar presas em um ciclo de repetição e relutância que eventualmente as leva a perder relevância e mercado.
Lições para o Futuro
As lições de falhas estratégicas no mundo corporativo são claras: a importância de permanecer ágil, a necessidade de adotar uma postura proativa em relação à inovação, e a crucialidade de uma liderança que não apenas entenda o presente, mas também possa antecipar e moldar o futuro.
Empresas que aprendem com os erros de gigantes caídos têm a oportunidade de evitar seus destinos, adaptando-se continuamente a um ambiente de mercado que nunca permanece estático.
Através dessas reflexões, torna-se evidente que falhas estratégicas não são apenas sobre decisões erradas; elas são sobre uma falha em evoluir.
Para empresas que desejam sustentar seu crescimento e sucesso, o desafio não é apenas superar a concorrência, mas continuamente se superar.
2) - Disrupção Tecnológica
Como Gigantes Corporativos São Destronados por Inovações
No cenário competitivo dos negócios modernos, a disrupção tecnológica surge como uma das forças mais poderosas e implacáveis.
Empresas estabelecidas, muitas vezes vistas como imbatíveis, podem rapidamente perder terreno para novos entrantes que trazem tecnologias inovadoras e modelos de negócios revolucionários.
Entendendo a Disrupção Tecnológica
Disrupção tecnológica ocorre quando novas tecnologias e modelos de negócios alteram fundamentalmente a natureza de uma indústria, criando novos mercados e valorizando redes que eventualmente suplantam empresas estabelecidas.
Essas inovações podem reduzir drasticamente os custos, melhorar a eficiência, ou oferecer serviços e produtos completamente novos que tornam as ofertas existentes obsoletas.
O Impacto da Disrupção Tecnológica
A disrupção tecnológica não discrimina, afetando desde pequenas startups até conglomerados multinacionais.
Empresas que antes dominavam seus mercados, como Blockbuster e Nokia, viram seu domínio erodir quase da noite para o dia devido à incapacidade de adaptar-se a novas realidades tecnológicas.
- Blockbuster vs. Netflix: A ascensão da Netflix é frequentemente citada como um exemplo clássico de disrupção tecnológica. Enquanto a Blockbuster continuava a investir em suas lojas físicas, a Netflix aproveitou o poder da internet para oferecer um serviço de streaming que proporcionava maior conveniência e um catálogo de conteúdo mais diversificado. A incapacidade da Blockbuster de reconhecer e adaptar-se a essa mudança de paradigma não apenas custou sua liderança de mercado, mas eventualmente levou à sua falência.
- Nokia e o surgimento dos smartphones: Nokia, uma vez líder indiscutível no mercado de telefones móveis, falhou em responder adequadamente à introdução do iPhone pela Apple e aos subsequentes smartphones baseados no Android. Esses dispositivos não apenas transformaram a experiência do usuário com interfaces de usuário intuitivas e aplicativos variados, mas também criaram um novo ecossistema de dispositivos móveis que diminuiu rapidamente a participação de mercado da Nokia.
Estratégias para Navegar a Disrupção Tecnológica
Para sobreviver e prosperar em uma era de disrupção tecnológica, as empresas devem adotar estratégias proativas. Aqui estão algumas abordagens essenciais:
- Inovação Contínua: As empresas devem investir constantemente em pesquisa e desenvolvimento para antecipar ou liderar inovações, em vez de apenas reagir às mudanças do mercado.
- Cultura de Agilidade: Cultivar uma cultura corporativa que valoriza a flexibilidade e a rapidez na tomada de decisão pode ajudar as empresas a adaptar-se rapidamente a novas tecnologias e mudanças no mercado.
- Parcerias Estratégicas e Aquisições: Formar alianças estratégicas ou adquirir startups inovadoras pode fornecer às empresas estabelecidas acesso a novas tecnologias e competências que podem faltar internamente.
- Diversificação: Explorar novos mercados ou desenvolver novas linhas de produtos pode ajudar a mitigar os riscos associados à dependência de tecnologias ou modelos de negócios que podem se tornar obsoletos.
Lições para o futuro
A disrupção tecnológica é uma realidade inevitável no ambiente de negócios contemporâneo.
Para empresas estabelecidas, a chave para não apenas sobreviver, mas prosperar diante dessa disrupção, reside na capacidade de se adaptar e inovar continuamente.
As histórias de Blockbuster e Nokia servem como lembretes potentes de que nenhum sucesso é garantido e que a vigilância e a adaptabilidade são essenciais para sustentar o crescimento e a relevância em um mundo em constante mudança.
3) - Mudanças no Comportamento do Consumidor
Como Adaptar-se ou Falhar
No dinâmico cenário de mercado atual, entender e adaptar-se às mudanças no comportamento do consumidor é crucial para a sobrevivência e sucesso de qualquer empresa.
A falha em reconhecer e responder a essas mudanças têm sido uma das principais razões para o declínio de grandes corporações.
A Natureza das Mudanças no Comportamento do Consumidor
Mudanças no comportamento do consumidor podem ser impulsionadas por uma variedade de fatores, incluindo avanços tecnológicos, mudanças socioeconômicas, emergência de novas gerações com diferentes expectativas, e crises globais, como a pandemia de COVID-19.
Essas mudanças podem alterar dramaticamente como, onde e por que os consumidores escolhem comprar produtos ou serviços.
Impactos Dramáticos nas Empresas Estabelecidas
- Polaroid e a Fotografia Digital: Um exemplo clássico é a Polaroid, que dominou o mercado de fotografia instantânea, mas falhou em adaptar-se à revolução digital. A empresa subestimou a velocidade com que os consumidores adotariam a fotografia digital, preferindo a conveniência de visualizar e compartilhar fotos digitalmente, sem a necessidade de impressão. A incapacidade de se adaptar a essas mudanças de comportamento levou à sua falência em 2001.
- Indústria de Táxis e o Surgimento de Aplicativos de Transporte: O setor de táxis tradicionais foi profundamente impactado pelo surgimento de empresas baseadas em tecnologia, como Uber e Lyft. Essas empresas capitalizaram sobre a preferência dos consumidores por conveniência, facilidade de uso e preços competitivos oferecidos pelos aplicativos móveis, levando a uma diminuição significativa no uso de táxis convencionais.
Estratégias para Navegar nas Mudanças de Comportamento do Consumidor
Para evitar o destino de empresas como a Polaroid e muitas outras, é essencial que as corporações implementem estratégias proativas para se adaptarem às mudanças no comportamento do consumidor:
- Pesquisa Contínua: Empresas devem investir continuamente em pesquisa de mercado para entender as tendências emergentes e as necessidades dos consumidores. Isso inclui o uso de dados de big data e analytics para prever comportamentos futuros.
- Flexibilidade Operacional: Construir uma estrutura organizacional que possa se adaptar rapidamente a mudanças é crucial. Isso pode envolver a agilização de processos, a adoção de tecnologias que permitem a rápida mudança de estratégia e o desenvolvimento de novos produtos ou serviços.
- Engajamento com o Cliente: Manter um diálogo contínuo com os clientes por meio das redes sociais e outras plataformas digitais pode ajudar as empresas a permanecerem relevantes e responderem de forma proativa às mudanças de preferências.
- Inovação Orientada ao Cliente: O desenvolvimento de produtos e serviços deve estar alinhado com as expectativas e necessidades em evolução dos consumidores. Isso significa adaptar as ofertas para atender à demanda por personalização e experiências exclusivas.
Lições para o futuro
A capacidade de uma empresa de adaptar-se às mudanças no comportamento do consumidor é mais crucial do que nunca.
As empresas que conseguem antecipar e responder a essas mudanças não apenas sobrevivem, mas podem prosperar, mesmo em mercados altamente competitivos.
Por outro lado, aquelas que falham em reconhecer e agir diante dessas tendências estão destinadas a enfrentar dificuldades ou até mesmo desaparecer.
As histórias de Polaroid e da indústria de táxis servem como lembretes poderosos de que entender o consumidor é a chave para a sustentabilidade e o crescimento a longo prazo no mundo dos negócios modernos.
4) - Gestão Deficiente
A Queda Silenciosa dos Gigantes Corporativos
Em um mundo empresarial cada vez mais complexo e competitivo, a qualidade da gestão pode ser o fator decisivo entre o sucesso sustentável e o declínio inesperado de uma empresa.
Uma gestão deficiente, caracterizada por decisões mal planejadas, falta de visão estratégica e ineficiência operacional, tem sido a ruína de muitas empresas anteriormente bem-sucedidas.
Entendendo a Gestão Deficiente
Gestão deficiente engloba uma série de falhas e omissões que podem incluir liderança ineficaz, falta de resposta a mudanças no mercado, decisões estratégicas mal concebidas, e uma desconexão entre os objetivos da empresa e suas práticas operacionais.
Esses erros podem resultar em perdas financeiras significativas, diminuição da moral dos funcionários, deterioração da marca e, em casos extremos, falência completa.
Exemplos de Impactos Devastadores
- Yahoo! e as Oportunidades Perdidas: Sob a gestão de diferentes CEOs, o Yahoo! falhou em capitalizar e integrar aquisições potencialmente lucrativas como o Google e o Facebook. A empresa também não conseguiu desenvolver um mecanismo de busca competitivo e uma plataforma de publicidade robusta, resultando em sua eventual venda para a Verizon por uma fração do que valia durante seu auge.
- Kodak e a Ignorância Tecnológica: A Kodak, uma vez líder no mercado de fotografia, é frequentemente citada como um exemplo clássico de gestão deficiente no contexto da inovação tecnológica. A empresa inventou a câmera digital, mas decidiu não a desenvolver por medo de canibalizar seu negócio de filmes fotográficos, uma decisão que eventualmente levou à sua falência quando a fotografia digital se tornou dominante.
Estratégias para Evitar a Gestão Deficiente
Para evitar o destino de empresas como Yahoo! e Kodak, é essencial adotar estratégias de gestão eficazes e proativas:
- Liderança Forte e Visão Clara: Uma liderança eficaz que pode fornecer uma visão clara e direção para a empresa é crucial. Isso inclui a capacidade de antecipar mudanças no mercado e adaptar a estratégia da empresa de forma ágil.
- Cultura de Responsabilidade e Transparência: Promover uma cultura corporativa que valorize a responsabilidade, a transparência e a comunicação aberta pode ajudar a identificar e corrigir erros de gestão antes que eles resultem em problemas sérios.
- Gestão Baseada em Dados: Utilizar dados para informar decisões de gestão pode ajudar a garantir que as estratégias sejam baseadas em informações sólidas e não em suposições. A análise de dados pode oferecer insights críticos sobre tendências de mercado, comportamento do consumidor e eficiência operacional.
- Desenvolvimento Contínuo de Liderança: Investir no desenvolvimento contínuo dos líderes da empresa, através de educação e treinamento, pode preparar melhor a equipe de gestão para enfrentar os desafios futuros.
Lições para o futuro
A gestão deficiente pode ser devastadora para qualquer empresa, independentemente do tamanho ou do setor.
Ao entender as raízes e os impactos da gestão deficiente e implementar estratégias para promover uma liderança eficaz e decisões informadas, as empresas podem evitar o declínio e, em vez disso, pavimentar o caminho para o sucesso a longo prazo.
Reconhecer e abordar proativamente as deficiências na gestão é essencial para manter a competitividade e a relevância em um mercado em rápida evolução.
5) - Regulação e Mudanças Políticas
Desafios e Declínios no Ambiente Corporativo
As regulamentações e mudanças políticas podem exercer uma influência significativa sobre o destino das empresas.
Em um ambiente global onde políticas governamentais e regulatórias estão em constante fluxo, as organizações que não se adaptam ou antecipam essas mudanças podem enfrentar sérios desafios operacionais e estratégicos.
A Influência da Regulação e Mudança Política
Regulações e políticas governamentais têm o poder de alterar mercados inteiros, redefinir a viabilidade de produtos ou serviços, e modificar a dinâmica competitiva.
Empresas que operam em setores altamente regulados, como saúde, energia, finanças e telecomunicações, são particularmente vulneráveis a essas mudanças.
A implementação de novas leis, a modificação das existentes, ou mudanças significativas nas políticas podem impactar drasticamente suas operações e lucratividade.
Exemplos de Impactos Causados por Mudanças Regulatórias
- Indústria de Telecomunicações e a Neutralidade da Rede: A revogação da neutralidade da rede nos Estados Unidos sob a administração Trump teve um impacto profundo no setor de telecomunicações. Empresas que dependiam de um acesso igualitário à internet para oferecer serviços competitivos encontraram novos desafios, enquanto grandes provedores de internet ganharam a capacidade de priorizar certos serviços ou fluxos de dados, reconfigurando a competição.
- Setor Energético e Políticas Ambientais: Empresas de energia enfrentam um ambiente regulatório em evolução, especialmente com o crescente foco global em mudanças climáticas e sustentabilidade. A pressão para reduzir emissões e a transição para energias renováveis forçaram muitas empresas tradicionais de energia a reavaliar e modificar drasticamente seus modelos de negócios.
Estratégias para Navegar Regulações e Mudanças Políticas
Para mitigar os riscos associados a regulamentações e mudanças políticas, as empresas podem adotar várias abordagens estratégicas:
- Monitoramento e Análise Proativos: Manter uma vigilância constante sobre as tendências regulatórias e políticas é crucial. Isso pode envolver a contratação de especialistas em políticas ou a utilização de consultorias que possam fornecer análises e previsões precisas.
- Engajamento Ativo: Participar ativamente no processo político e regulatório é outra estratégia vital. Isso pode incluir lobbying, parcerias com outras organizações para influenciar políticas, ou trabalhar diretamente com reguladores para garantir que as vozes corporativas sejam ouvidas.
- Flexibilidade e Adaptação: Desenvolver a capacidade de adaptar rapidamente operações e estratégias em resposta a mudanças regulatórias pode oferecer vantagens competitivas significativas. Isso pode significar diversificar investimentos, ajustar modelos de negócios ou inovar em tecnologias que cumpram ou superem os requisitos regulatórios.
- Planejamento de Cenários: Utilizar planejamento baseado em cenários para antecipar possíveis mudanças e desenvolver estratégias para lidar com diferentes resultados regulatórios e políticos. Isso ajuda a empresa a estar preparada para várias contingências, minimizando surpresas e permitindo respostas rápidas.
Lições para o futuro
Mudanças regulatórias e políticas representam tanto riscos quanto oportunidades.
Para as empresas que estão preparadas e engajadas, mudanças no ambiente regulatório podem ser navegadas com sucesso ou até mesmo usadas como um catalisador para inovação e crescimento.
No entanto, para as que estão mal preparadas, essas mudanças podem ser disruptivas e potencialmente devastadoras.
Compreender, antecipar e adaptar-se a essas mudanças é crucial para manter a competitividade e garantir a sustentabilidade a longo prazo em um mundo empresarial que está sempre em fluxo.
6) - Falta de Visão de Futuro
Como a Miopia Estratégica Leva ao Declínio Corporativo
No cenário corporativo volátil de hoje, a visão de futuro é mais do que uma habilidade desejável para os líderes, é uma necessidade crítica para a sobrevivência e sucesso a longo prazo de qualquer empresa.
A falta dessa visão pode deixar organizações outrora prósperas vulneráveis a mudanças de mercado, novas tecnologias e evoluções nas expectativas dos consumidores.
Entendendo a Falta de Visão de Futuro
A falta de visão de futuro, ou miopia estratégica, ocorre quando uma empresa não consegue antecipar ou reagir a mudanças fundamentais no seu ambiente de mercado.
Essa limitação pode resultar de uma liderança que se concentra excessivamente em ganhos de curto prazo, negligenciando tendências emergentes ou mudanças nas demandas dos clientes que irão moldar o futuro do setor.
Exemplos do Impacto da Falta de Visão de Futuro
- Blockbuster: Um exemplo emblemático de falta de visão de futuro é a Blockbuster. Enquanto o mundo avançava para a era digital com serviços de streaming como a Netflix, a Blockbuster permaneceu presa ao seu modelo de negócios de locação física de vídeos. A empresa falhou em perceber e adaptar-se à mudança de comportamento dos consumidores que preferiam a conveniência do streaming online.
- BlackBerry: No auge, a BlackBerry dominava o mercado de smartphones com seus dispositivos voltados para o segmento corporativo. No entanto, a empresa não percebeu a importância crescente das interfaces de usuário baseadas em touch e dos ecossistemas de aplicativos robustos, o que levou ao seu declínio diante de concorrentes como Apple e Android.
Estratégias para Desenvolver uma Visão de Futuro
Para evitar o declínio associado à falta de visão de futuro, as empresas podem adotar várias estratégias proativas:
- Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento: Manter um compromisso constante com a pesquisa e o desenvolvimento pode ajudar as empresas a ficar na vanguarda das inovações tecnológicas e das mudanças de mercado.
- Cultura de Aprendizado Contínuo: Promover uma cultura organizacional que valorize o aprendizado contínuo e a curiosidade pode capacitar os funcionários a pensar além do status quo e antecipar futuras tendências e necessidades do mercado.
- Diversificação de Perspectivas de Liderança: Incluir uma variedade de perspectivas na tomada de decisão estratégica pode evitar a visão de túnel e garantir que diferentes cenários e possibilidades sejam considerados.
- Engajamento com Stakeholders Externos: Manter um diálogo aberto com clientes, fornecedores e outros parceiros pode fornecer insights valiosos que não são imediatamente aparentes a partir de uma perspectiva interna.
- Análise de Cenários e Planejamento de Futuro: Utilizar técnicas de análise de cenários para explorar possíveis futuros e desenvolver planos que permitam à empresa adaptar-se rapidamente.
Lições para o futuro
A falta de visão de futuro é uma falha estratégica que pode levar até mesmo os titãs corporativos ao declínio.
No entanto, com as estratégias adequadas, as empresas podem desenvolver a capacidade de antecipar e moldar o futuro, ao invés de serem ultrapassadas por ele.
Incorporar um compromisso com a inovação, a diversidade de pensamento e a análise proativa pode ajudar as empresas a manter sua relevância e liderança em um mundo em constante mudança.
No próximo artigo será iniciada a análise mais detalhada de uma lista seleta de 20 Grandes Titãs que acabaram por cair!