A evolução da Missão para o Propósito

É interessante pontuar a própria ascensão do conceito de “propósito” dentro das empresas.

A evolução das práticas corporativas ao longo dos anos revela uma mudança significativa no modo como as empresas definem e comunicam seus princípios orientadores.

Historicamente, o conceito de “missão” dominava o cenário corporativo, mas recentemente, verifica-se uma migração para o uso do termo “propósito”.

Esta mudança reflete um alinhamento mais profundo com as expectativas da sociedade, as necessidades dos stakeholders e as tendências de mercado.

Tradicionalmente, a “missão” de uma empresa era entendida como uma declaração que descreve o que a empresa faz, para quem e como.

A missão era tipicamente focada na descrição das operações, produtos ou serviços da empresa, servindo como uma declaração de identidade e função.

Por exemplo, uma missão poderia ser “Prover soluções de software inovadoras para empresas de médio porte”.

Este foco operacional e orientado para o produto era uma resposta direta às necessidades do mercado e dos clientes.

Com o passar dos anos, houve uma mudança significativa em direção ao conceito de “propósito”, que diferente da missão, vai além da descrição das operações da empresa.

Ele busca responder não apenas ao “o que” e “como” da empresa, mas principalmente ao “porquê”.

O propósito é uma expressão do valor mais profundo que a empresa busca criar.

Ele é mais abrangente, transcendental e focado no impacto de longo prazo que a empresa deseja ter no mundo.

Por exemplo, o propósito de uma empresa de software poderia ser “empoderar negócios para alcançar seu potencial máximo através da tecnologia”.

Ou seja, a principal diferença entre missão e propósito reside no escopo e profundidade.

Enquanto a missão é mais limitada e se concentra nas operações atuais da empresa, o propósito é mais holístico e relacionado ao impacto e contribuição global da empresa.

O propósito também implica uma dimensão emocional e inspiradora que muitas vezes falta nas declarações de missão tradicionais.

Apesar das diferenças, missão e propósito não são mutuamente exclusivos, eles podem coexistir dentro de uma estratégia corporativa.

A missão pode ser vista como o alicerce sobre o qual o propósito é construído, fornecendo uma descrição clara do que a empresa faz no presente, enquanto o propósito oferece uma visão inspiradora do impacto futuro da empresa.

Quando se pensa nas razões para essa transição de “missão” para “propósito”, é pertinente considerar que ela reflete diversas mudanças no ambiente empresarial:

  • Expectativas Sociais: Há uma crescente demanda por parte dos consumidores, funcionários e outros stakeholders para que as empresas assumam responsabilidades sociais e ambientais maiores.
  • Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa: As empresas reconhecem cada vez mais a importância de operar de maneira sustentável e ética, não apenas para o benefício do meio ambiente e da sociedade, mas também como um imperativo estratégico para o sucesso a longo prazo.
  • Engajamento dos Funcionários: O propósito oferece aos funcionários um senso de pertencimento e significado no trabalho, o que é crucial para a motivação e retenção de talentos.
  • Diferenciação no Mercado: Um propósito bem articulado pode diferenciar uma empresa em um mercado saturado, conectando-se emocionalmente com clientes e construindo lealdade à marca.

A evolução do uso de “missão” para “propósito” no mundo corporativo reflete uma compreensão mais profunda do papel das empresas na sociedade.

Enquanto a missão permanece relevante para definir o escopo das operações atuais da empresa, o propósito proporciona uma visão mais ampla e inspiradora do impacto e valor que a empresa aspira criar.

Esta mudança é um indicativo da crescente conscientização das empresas sobre sua responsabilidade social e ambiental e um reflexo de sua busca por um significado mais profundo em suas atividades.

Essa diferenciação e a evolução que levou para a transição do uso de missão para propósito fica muito mais clara ao se comparar empresas tradicionais e suas contrapartes modernas e digitais,

A fim de tangibilizar essa diferença e evolução, na sequência são listadas algumas empresas hipotéticas de setores variados, apresentando como poderia ser a redação da “missão” em uma abordagem tradicional e como poderia ser a formulação do “propósito” em uma versão moderna e digital:

Banco Tradicional versus Banco Digital

  • Missão (Tradicional): “Oferecer serviços bancários seguros e confiáveis para indivíduos e empresas.”
  • Propósito (Digital): “Empoderar pessoas e negócios com soluções financeiras inovadoras e acessíveis, promovendo inclusão financeira.”

Varejo Tradicional versus E-commerce

  • Missão (Tradicional): “Vender produtos de qualidade a preços competitivos para nossos clientes.”
  • Propósito (Digital): “Revolucionar a experiência de compra, proporcionando conveniência, variedade e serviços personalizados.”

Escola Tradicional versus Plataforma de Educação Online

  • Missão (Tradicional): “Proporcionar educação de qualidade e acessível para estudantes da região.”
  • Propósito (Digital): “Democratizar a aprendizagem por meio da tecnologia, tornando a educação acessível a todos, em qualquer lugar.”

Editora Tradicional versus Plataforma de Publicação Digital

  • Missão (Tradicional): “Publicar livros que informem, eduquem e entretenham nosso público.”
  • Propósito (Digital): “Transformar o mundo da leitura e da escrita, facilitando o acesso à literatura e dando voz a autores de todos os lugares.”

Companhia Aérea Tradicional versus Serviço de Viagem Digital

  • Missão (Tradicional): “Oferecer voos seguros e confortáveis para destinos ao redor do mundo.”
  • Propósito (Digital): “Tornar as viagens mais acessíveis e conectadas, proporcionando experiências únicas e personalizadas para cada viajante.”

Restaurante Tradicional versus Serviço de Entrega de Alimentos Online

  • Missão (Tradicional): “Servir pratos deliciosos e de alta qualidade em um ambiente acolhedor.”
  • Propósito (Digital): “Reinventar a experiência gastronômica, entregando sabores do mundo diretamente para a casa dos nossos clientes.”

Cinema Tradicional versus Plataforma de Streaming

  • Missão (Tradicional): “Proporcionar entretenimento de qualidade através de filmes e experiências cinematográficas.”
  • Propósito (Digital): “Mudar a forma como as pessoas experimentam histórias, trazendo o cinema até elas, a qualquer hora e lugar.”

Loja de Música Tradicional versus Serviço de Streaming de Música

  • Missão (Tradicional): “Vender a mais ampla variedade de músicas e álbuns para amantes da música.”
  • Propósito (Digital): “Revitalizar a forma como as pessoas interagem com a música, proporcionando um acesso ilimitado a uma diversidade global de sons e artistas.”

Agência de Viagens Tradicional versus Aplicativo de Planejamento de Viagens

  • Missão (Tradicional): “Oferecer pacotes de viagem personalizados e assistência para destinos globais.”
  • Propósito (Digital): “Simplificar o planejamento de viagens, tornando a descoberta e a organização de viagens uma experiência intuitiva e personalizada.”

Empresa de Fotografia Tradicional versus Aplicativo de Fotografia e Compartilhamento

  • Missão (Tradicional): “Capturar e preservar momentos importantes através da fotografia de alta qualidade.”
  • Propósito (Digital): “Reimaginar a fotografia, criando uma comunidade global onde momentos são capturados, compartilhados e celebrados digitalmente.”

Esta comparação ajuda a ilustrar como as empresas modernas e digitais tendem a adotar um propósito que reflete um impacto mais amplo e uma visão mais inspiradora, de forma mais alinhada com as tendências tecnológicas e as expectativas da sociedade atual.

CIO Codex

Com o advento da era digital, a Tecnologia da Informação assumiu um papel de destaque dentro das estratégias corporativas das empresas dos mais diversos portes e setores de atuação. O CIO Codex Framework foi concebido com o propósito de oferecer uma visão integrada dos conceitos de uma área de tecnologia pronta para a era digital.